segunda-feira, 13 de abril de 2009

Video - Bicho de Pé (ao vivo)

Veja o video da música "Bicho de Pé", abertura do show da "Calourosa" da UFBA, no dia 21 de março deste ano, em Barreiras / BA.



Composição: Helbert Santana (letra e música)
Álbum: "Olho Seco Sem Pena" (2008)


Caso não consiga assistir ao vídeo, clique aqui!

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Fotos do Show em Barreiras/BA

Fotos do último show da banda na "Calourosa" da UFBA, no dia 21 de março em Barreiras / BA.

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Letra - Zé Ninguém

Zé Ninguém
(Letra e Música: Maurício Chaves)

Eu venho lá do nordeste
Seguindo uma luz que me guia,
É a luz do espírito santo,
Será que ele trás alegria?

É a luz do menino santo
Que outrora vi anunciar,
Por entre caatingas e cantos,
Eu ei de proclamar.

Olha a pisadeira: “O meu sono se foi”.
Olha a pisadeira: “Que me veio acordar”.

É a chinela, é o chicote, é o acoite,
É o batuque dos homens de lá,
Sua fé no menino santo,
Sua riqueza veio proclamar
Sua fé no menino santo,
Sua riqueza veio proclamar

Montado no pequeno jumento,
Poeira afora, ei de levantar,
Com a fé nos meus olhos cinzentos,
A esperança ira me guiar.

Olha o boi, a peleja do homem,
É pontudo e vai lhe chifrar,
Alumia Espírito Santo,
Minhas preces irá me salvar.

Olha a pisadeira: “o meu sono se foi”
Olha a pisadeira: “que me veio acordar”

Sou guerreiro, sou homem do campo,
Boi bumbá não vai me derrubar,
Com o sorriso da Virgem Maria,
Meu caminho vai alumiar.

Com o sorriso da Virgem Maria,
Meu caminho vai alumiar.

Olha a pisadeira: “o meu sono se foi”
Olha a pisadeira: “que me veio acordar”.

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Letra - Vulto Sem Medo

Vulto Sem Medo
(Letra: Maurício Chaves; Música: Junior Figueiredo)

Senzala, seu grito ecoa
Ecoa entre os canaviais,
É martelo, é corrente, é chibata
É gente infeliz a chorar.
É o espelho polido com sangue
Em sua face se fez reluzir,
É a agonia do engenho gritando,
É a moléstia no corpo cansado.

Veja, a luz se alumiou,
O candeeiro se fez,
Em passos pro interior.

É o sujeito escapando a rezar
É o sorriso quebrado e sofrido
É o gemido dos versos sem graça
É a fumaça da brasa a implorar.
É o espanto do vulto sem medo
É o espanto que o medo criou
São mãos retalhadas, unidas
Feridas, pingando a sangrar.

Veja, a luz se alumiou,
A liberdade se viu
De andada pro interior.

É a face marcada e surrada
É seu filho, é seu neto, é o presente!
É a cultura, é senzala, é chibata
É pecado, é profano, é indigente.
É passado, é raiz arrancada
Bestial sentimento a dizer
É o mucambo caindo aos pedaços,
Em retalhos de carne de gente.

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Letra - Sábado Nenhum

Sábado Nenhum
(Letra: Helbert Santana; Música: Mucambo)

Na pisada do santo, estandarte gritou.
É de barro o homem e seu pé desabou.
Carregado num berço, um olho velho a secar.
No seu dente de ouro um sorriso a roubar.
Descritas em palavras a sede do não ter
Josué põe em verbo, temos que acolher.
Que com a fome dá dó, não ter nem do que rir.
No futuro melhor nosso caos é aqui!

benelucidou
O Zélucidou


No sal que veste a terra, o sabor me dá dó,
Olha a sombra que o cerca, aceitar é pior.
A justiça desdita, no mais fraco faz valer.
Na balança da injúria, um nó cego atar.
A caatinga é dose, a sentença do irmão.
Vê o outro morrer sem sentir compaixão
Levando em sua veste, crua e seca a queimar.
Esperança em sua prece, terra de pão e mel.

benelucidou
Zélucidou

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Letra - Sujeito Reflexivo

Sujeito Reflexivo
(Letra: Helbert Santana; Música: Junior Figueiredo)

Um povo desdentado por não ter do que rir,
Castigo no dizer que aceitar o seu destino
E com tapa nos olhos, um sentido acua.
Descendência com sangue, há de ver e não rir
E o machado é na lenha e urubu a voar
Esperando a carcaça no chão quente deitar.
E num quarto eu desfaço, língua deita sem dó
Laços feitos mal dados, mais de quarto eu bebi.
Num grito visionário trazido do dizer:
“Quem com o ferro fere, assim tem de sofrer.”

E sem prego na cruz, ninguém tem que pagar
E a sentença do justo é pensar que ele é.
Que por poucos trocados, entregou para ter
Liberdade num dorso, da agonia nos nervos
E na sobra do estrago, pensou em desistir.
Falou seco e dobrado, poeira vai subir.
Na dormência eu larguei minha cabeça para lá
Num batuque virei um estrago de faca.
Deu um grito reboa: “Lazeira, essa é da boa!”
E o couro vai comer no punhal a empunhar.

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Letra - Samba da Agonia

Samba da Agonia
(Letra e Música: Maurício Chaves)

A vida na caatinga não é nada brincadeira.
Desde muito cedo, meu brinquedo era uma faca.
Lutando contra galhos de migalhas recortadas.
Samba de repente de repiques distorcidos.

Eu falei...

Eu danço no meio do terreiro,
Até meu sangue esfriar.
Meus olhos famintos com sono,
E a chibata vem me agraciar.

(2x) Eu falei!

A miséria bate a porta de imburana mal lavrada.
Um matuto com graveto, traça o rastro de sua morte.
No meio do caminho um calango corta o tempo.
O sangue se escorre em seus olhos tão pequenos.

Eu falei...

Pelourinho resiste cansado,
Cansado de me segurar.
Liberta esse verme pensante,
E os seus versos vêm anunciar.

(2x) Eu falei!

Eu falei
Eu danço no meio do terreiro,
Até meu sangue esfriar.
Meus olhos famintos com sono,
E a chibata vem me agraciar.
Pelourinho resiste cansado,
Cansado de me segurar.
Liberta esse verme pensante,
E os seus versos vêm anunciar.

(4x) Eu falei...

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Letra - Provérbio de Capacete

Provérbio de Capacete
(Letra: Helbert Santana; Música: Junior Figueiredo)

Ainda com orvalho, o escravo, a cana se veio a roçar.
E moer a touceira rastada no braço, pois assim se fez
Com o azedo que escuma, escorrendo no rosto o suor vem nascer.
Lança ao morro à senzala, um passado sangrado, um quilombo ascendeu.

(2x)
O caldo da cachaça é garapa.
É cultura, a força da cachaça
É da cana, o caldo é garapa
pingo forte que pinga é cachaça

Mói o dente, ói a cana, ói a raiva apurar no caldo a ferver.
Coletivo é força, caminhar só não dá, arapuca cercou.
No seu berço de sangue, cultura retalhada assim se criou
E no passo marcado, cantado de dor na corrente a chiar.

Na aguardente, o suor e a semente bagaceira se viu.
Das gotas destiladas, cabeça amoitar fez assim a ferver.
Com um passo rasteiro pro quilombo guerreiro num esquivo subiu
Nem mais cria do nosso a canção da corrente vem mais entoar

(2x)
O caldo da cachaça é garapa.
E cultura, a força da cachaça
E da cana, o caldo é garapa
pingo forte que pinga é cachaça

Com as costas calejadas cabeças bradadas, para cima rumou
E acima, no alto se fez a muralha, dentre os grupos se viu.
O espírito valente, embriaga os sentidos da árvore do esquecer
E passado é vivido no baque conduzido, dando cria a morrer.

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Letra - O Oco

O Oco
(Letra: Helbert Santana; Música: Junior Figueiredo)

Na cidade de santo de pau oco,
Quem tem muito, tem pouco
E quem não tem nem quer mais
E sentado eu fico,
Pois aqui nem um grito
Há de se escutar!
A carne calcinada,
Do homem não há mais nada,
Nesse chão vai brotar
Olha deus em teu bolso
E de bronze e de ouro
Vem nessa terra mandar

Nascer pobre é pouco
Para quem sente o gosto
Do Deus que escolheu
E viver é mentir
Se enganar para sorrir.
Isto aqui não é teu
E a sina não cega
Pois a corda só quebra
Na mão a calejar
E a fome do homem
Que aos poucos consome
O que Deus lhe deu

E na terra inerte
verde aqui até parece
Que não mais vai marcar
Mais o homem é forte
Braços tensos e fortes
Para luta vai rumar
Racha o chão seu batente
Sem poder rangir dentes
A falta lhe marcou
E a cria parente
Continua sem dente
E ao relento lançou

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Letra - Lágrima do Verme

Lágrima do Verme
(Letra e Música: Maurício Chaves)

Desde muito cedo eu fui um feto mal amado.
Sina desgraçada na barriga de alguém.
Como um verme, eu fui caçado
Como um verme, resisti,
Como um verme, rastejei,
Como um verme, eu nasci.

Gerado em desconforto num ventre apodrecido
Arrancado a ferro e fogo, jogado ao chão.
Desde cedo, me rodeia
Desde cedo, me procura
Desde cedo eu sinto o gosto
Sinto raiva e amargura.

Trapos de uma vida recortadas em migalhas
Tantas faces distorcidas em espelhos que criei
O meu mundo foi bizarro, mais eu sei que me fez bem.
Em casulos andantes
Vermes pensantes

(Disseminados em milhões apenas tu floresceste, foste regado e cultivado em prantos, dispersado em sangue agora sois.)

Como um verme, eu fui caçado
Como um verme, resisti,
Como um verme, rastejei,
Como um verme, eu nasci.

Um trapo ambulante,
Cultura e hipocrisia,
Artes subornadas em notas dissonantes
Lágrimas lendárias, solitárias, errantes.
Brilho louco de diamante.

Desde cedo me rodeia
Desde cedo me procura
Desde cedo eu sinto o gosto,
Sinto raiva e amargura.

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Letra - Hímen

Hímen
(Letra: Helbert Santana; Música: Junior Figueiredo)

Crianças surgem em minha cabeça suja e áspera.
A espera de uma palavra, elas surgem!
Como posso, as poupo por nada
Como queimam em meu estômago, Como as quero.
Com o cheiro de sêmen. Venha me inquietar,
E dançaremos no fogo acompanhado à doses de álcool.
Venha com sua saliva uterina por canais inóspitos
De onde os quero, de onde nunca deveria ter saído.
Me julgaram! Crise existencial. Noz quebrada cercada de ossos

(4x) Noz quebrada cercada de ossos

Venha com sua saliva uterina por canais inóspitos
De onde os quero, de onde nunca deveria ter saído.
Me julgaram! Crise existencial. Noz quebrada cercada de ossos

(4x) Fundindo um sorriso hospedeiro de uma pedra.

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Letra - Bicho de Pé

Bicho de Pé
(Letra e Música: Helbert Santana)

Vamos pegar a matula e sem rumo, sair por aí
Fazendo o ninho do outro como o que faz o quenquém
Comendo as crias maldita, que o mundo não veio a gorar.
Veio à tona lutar com a cólera que o tempo lhe amoitou

(4x) Quem o fez não o espera e com o bucho vazio, a esperança é menor

Quem o acha coitado (criança de barro é a mãe). Tão pobre de tu!
Quem o acha coitado (criança de barro é a mãe).
Quem o acha coitado (criança de barro é a mãe). Tão pobre de tu!
Quem o acha coitado (criança de barro é a mãe).

Largando o couro da mão que a enxada me veio arrancar
Quero usar estas mesmas com uma foice no punho, com opinião
Contra infames, com dentes a rir e fazer o matuto chorar
E com o pé rachado andando sem rumo a procura de Deus

(4x) E criança de pé rachado, ainda que pobre de tu.

Quem o acha coitado (criança de barro é a mãe). Tão pobre de tu!
Quem o acha coitado (criança de barro é a mãe).
Quem o acha coitado (criança de barro é a mãe). Tão pobre de tu!
Quem o acha coitado (criança de barro é a mãe).

Mas a sina não acaba com o pobre coitado rezando a andar,
Pois a carga é pesada, num sol a sereno um preá a se viu
Mas a faca que corta, mais tarde sem pressa, não mais vai cortar
E a prole sem graça e sem peito, nem mesmo mudança não quer

(4x) Antes fosse sem rumo que com um cabresto a foiçar minha visão.
Olha a caatinga!

Quem o acha coitado (criança de barro é a mãe). Tão pobre de tu!
Quem o acha coitado (criança de barro é a mãe).
Quem o acha coitado (criança de barro é a mãe). Tão pobre de tu!
Quem o acha coitado (criança de barro é a mãe).

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quarta-feira, 8 de abril de 2009

Letra - Batalha de São Pedro com Zé Lúcido

Batalha de São Pedro com Zé Lúcido
(Letra: Helbert Santana; Música: Junior Figueiredo)

Esperança é olhar e ver nada a vingar e se acaso chover o rebento aflorar.
Não é praga nem sina, olha o que nos ensina, pois a cova que abre é gente lá de cima.
Como um ramo de arruda na reza a secar na lagoa rachada, onde há gado a morrer.
Urubu avoou no seu céu a entoar o seu canto de fome, anunciando o pior.

(2x) Anunciando o pior
(3x) Urubu já deu fim
(4x) Na seca quem cospe tá sujeito a morrer!

Olho seco, sem pena, vendo um corpo em pena avoando em volta do resto a tombar.
Esperando é sentença, na caatinga é assim: morreu cedo sem cova, urubu vai dar fim.
Nessa terra de sobra, a fartura é esmola, sete palmos isso é coisa que não há sobra.
E se acaso passar e um rebento não ver, pois a terra aqui come quem não tem o que comer.

(2x) Quem não tem o que comer
(3x) Urubu já deu fim
(4x) Na seca quem cospe tá sujeito a morrer

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Letra - Barriga d'água

Barriga d’água
(Letra: Helbert Santana; Música: Junior Figueiredo)

Oi menino buchudo d’água barrenta,
Deixe essa lata de lado e se arrebenta
E a chinela a açoitar, ói! Na sombra se vê é calango
Sem perder o compasso, no carrasco tão pouco se vê!

(3x) É a batida do bucho a espera do que saciar.

Olha a cabra! Olha é cega! Olha eu pago para ver / Espoleta na agulha /eu cai na caatinga.
Olha a cabra! Olha é cega! Olha eu pago para ver / Espoleta na agulha / a volante espreitou.
Olha a cabra! Olha é cega! Olha eu pago para ver / arma branca na mão da barriga a roer.

Ao cuspir nesta prece sem merce se vê Lampião
E a luz que o mesmo remete tão longe se vê
É bandido, é mocinho, olha a sombra que nele se fez
Não é pai, não é mãe, é a tormenta a bater e a coronha a roer.

Não é pai, não é mãe, é a coronha a bater.
Não é pai, não é mãe, é a tormenta a roer.

Olha a cabra! Olha é cega! Olha eu pago para ver / Espoleta na agulha /eu cai na caatinga.
Olha a cabra! Olha é cega! Olha eu pago para ver / Espoleta na agulha / a volante espreitou.
Olha a cabra! Olha é cega! Olha eu pago para ver / arma branca na mão da barriga a roer.

Ói fumaça! olha é fogo e a desgraça no passo a chegar
Sem bater na sua porta o menino buchudo bradou
E o seu o filho sem dente sorrindo tão pouco se vê,
Pois barriga vazia a quem queira mudar, a quem queira lutar

O homem é feito criança, o passado também.
O homem é feito criança, o passado também.
O homem é feito criança, o passado também.

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terça-feira, 7 de abril de 2009

Fotos:

Show da banda no 1º Festival de Bandas Independentes em Macaúbas / BA:


Ensaio público na Praça Francisco José Pereira, vulgo Praça das Pinturas:


Show no aniversário da rádio comunitária
Tropicália FM, em Macaúbas / BA:


Gravação do CD Olho Seco Sem Pena no estúdio Submarino em Salvador / BA:


Show na Calourada da UFBA 2009, em Barreiras


Clique nas imagens para ampliar.

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Discografia:

"Mucambo" (2006)
- produção independente -

Disco demo para divulgação









"Olho Seco Sem Pena" (2008)
- produção independente -

Gravado no estúdio Submarino em Salvador (BA) em maio de 2008

Participações Especiais:
Dão DP (Zabumba em "Bicho de Pé", "Samba da Agonia" e "Zé Ninguém")
Marcos Di Caprio (Guitarra solo em "Sujeito Reflexivo")

Faixas:
01 - Bicho de Pé
02 - Hímen
03 - Sábado Nenhum
04 - Barriga D'Água
05 - Samba da Agonia
06 - O Oco
07 - Batalha de São Pedro com Zé Lúcido
08 - Lágrima do Verme
09 - Zé Ninguém
10 - Sujeito Reflexivo
11 - Vulto Sem Medo
12 - Provérbio de Capacete

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